terça-feira, janeiro 17, 2006

 

O CHEFE CASTELO

GONÇALO LAGOS CASTELO BRANCO LEÃO

- Chefe Castelo -

*22 de abril de 1907

+26 de abril de 1977

“.”

A gente sabe que chega a hora final, mas se recusa a aceitar. Com o falecimento do General Castelo Branco desaparece uma figura lendária de nossa terra, pelo gigantesco trabalho idealista na formação da juventude paraense. Bem poucos na vida poderão estabelecer um confronto com o seu alheamento às vaidades, às recompensas materiais, tão desligado era dessas coisas, apegado até às raízes ao compromisso de ensinar aos jovens um procedimento correto, numa verdadeira escola de homens de bem.

Confesso que só minha profunda admiração faz escrever sobre o que se propôs realizar, pois acredito que outros, com maior intimidade e capacidade estariam em melhores condições para fazer a justiça que sempre mereceu. Castelo era um homem simples, devotado e desprendido. E acima de tudo um bravo. Não seria qualquer um a assumir a responsabilidade de criar essa verdadeira potência que é a FEIJ, tendo como capital apenas sua coragem e inteligência, embora respaldado no respeito e no melhor conceito que sempre desfrutou entre nós.

A FEIJ sempre foi olhada com simpatia, daí a ajuda espontânea de tantos. Mas um apoio que ainda estava longe das verdadeiras necessidades da obra. Porém, Castelo Branco tinha um ânimo inquebrantável. Sua garotada lhe seguia cega e obstinadamente, pelos exemplos que oferecia, pelos princípios que defendia, pelas virtudes que cultuava. A FEIJ foi feita a mão pela sua gente, naquilo que era possível fazer. Foi construída sacrificadamente, mas debaixo de uma alegria contagiante. Não havia fadiga. Bastava olhar para o rosto do Chefe para revigorar as forças. Ali se trabalhava para o futuro, embora uns poucos pretendessem desmerecer e diminuir tão grandiosa obra.

Hoje, há um punhado enorme de homens de bem que forjaram sua tenacidade e compostura obedecendo aos ensinamentos do General Castelo Branco naquela oficina de bom proceder. Da FEIJ, jamais se afastou, nem mesmo quando a idade lhe foi alquebrando a atividade, ali permanecendo como um símbolo, como uma sentinela indormida que, com sua simples presença, tanto significava.

Pena que nos dias atuais estejam rareando homens da têmpera e compostura do General Castelo Branco. O idealismo existe, mas sem tantos obstáculos a enfrentar como então. Todavia, Castelo há de ter fechado os olhos com a tranqüilidade dos que sabem ter cumprido o seu dever, não passando em vão pela vida. Ao contrário sua vida não lhe pertencia, era devotada ao seu ideal.

Castelo morreu como talvez tenha almejado. Em plena atividade na sua FEIJ. Um coração tão grande, tão bom, acabou fraquejando por ser bom demais. Estas palavras são minha saudade a quem sempre mereceu respeito.

Edyr Proença.

Jornal “A Província do Pará”, em 27 de abril de 1977.


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